O Que é Origami?

Origami. Do japonês 'ori' (dobrar) + kami (papel). Pronto e tá explicado... Claro que não! Origami é muito mais que uma palavra japonesa transliterada para o português. E muito mais que uma arte japonesa. É a arte universal de transformar folhas de papel em coisas reconhecíveis que povoam a mente das pessoas. Pode ser um gatinho, uma flor, um barco, um aviãzinho. Mas pode ser também um inseto de oito patas e seis olhos: todos perfeitamente verossímeis. Dos mais simples ao mais escabrosos, todos encantam. Há pessoas, como eu, que já não se contentam com qualquer modelo de três dobras; no entanto, nada mais recompensador do que ensinar uma criança a fazer um chapeuzinho. Ou ajudar aquele seu amigo a fazer um envolpe relâmpago.

Existe um mundo inteiro escondido em um quadrado de papel. Algum origamista famoso deve ter dito isso, não lembro quem, mas é toda a verdade. De caras de panda a mamutes, de girafas a escaravelhos, de aeroplanos a dragões em voo. TUDO, absolutamente TUDO pode ser conjurado a partir de um folha de papel. Quem não acredita que dê uma olhada nas galerias do Flickr, que espie sites de grupos internacionais, que veja fotos de convenções... Nada escapa à criatividade dos origamistas modernos.

Gafanhoto voador. Desenhado, dobrado e fotografado pelo americano Brian Chan.

Novamente afirmo: origami não é 'coisa de japonês'. É notório que a maior associação de origamistas, a JOAS (que publica a famosíssima Origami Tanteidan), seja japonesa. Não esquecendo de um dos modelos mais populares do mundo, criado no japão por volta do século XVIII: a cegonha 'tsuru'. Foi no Japão também que foram criadas as convenções e símbolos que são utilizadas atualmente na criação de diagramas com instruções (atribuição a Akira Yoshizawa).
Mas há muito mais sobre dobras em todo o mundo. Por exemplo, o antiquíssimo costume árabe de dobrar papel para fins matemáticos/geométricos foi introduzido pelos mouros na Espanha medieval onde encontrou fundamentos artísticos e logo passou a ser chamado 'papiroflexia' (palavra espanhola). O ícone que melhor representa essa primeira forma de origami ocidental é a pajarita: um passarinho simpático e simples de dobrar. Essa arte foi então introduzida nas américas; encontrou muitos admiradores na amérca central. Hoje, qualquer criança mexicana sabe fazer uma pajarita. Assim como qualquer japonezinho sabe fazer um tsuru.

Garça, desenhada por Roman Diaz e Daniel Naranjo. Dobrada pelo turco Emre Ayaroğlu.

Na atualidade, a arte de dobrar papéis é muito difundida em praticamente todos os países. De uma forma bem geral (e com muitas exceções) os origamistas do oriente criam modelos inspirados pela filosofia e pela arte de forma bem essencial, enquanto os ocidentais são mais científicos e minimalistas. De fato é possível perceber essas diferenças quando se compara modelos de origami japonês tradicional e modelos ocidentais; uns prezam pelo mínimo de dobras e por captar a essência das coisas, enquanto outros primam pela precisão das dobras, pela riqueza de detalhes e por uma verossimilhança impecável. Na minha opinião de origamista amador, ambas as maneiras válidas; cada uma agrada um observador diferente...

Existem incontáveis associações, uma profusão de livros e revistas publicados, encontros e exposições muito badaladas que chegam a reunir milhares de visitantes e centenas de origamistas. Japão, EUA, Reino Unido, Espanha e Vietnã são os países com maior número de adeptos dessa arte, com pode ser percebido fazendo uma pesquisa breve na rede e participando de fóruns, postando em galerias. Há também países com um número cada vez maior de interessados, como Rússia, Polônia, Suíça, Austrália, Chile, México, Bolívia e (por que não) Brasil.

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