Imagine que depois de dobrar uma peça de origami você resolva desdobrar tudo para ver como ficou o papel. As marcas que você vai ver formam o CP.
CP é a abreviatura e Crease Pattern, do inglês, significa "Padrão de Dobras" ou "Padrão de Vincos". É, literalmente, o DNA de um modelo de origami. Se dois modelos têm o mesmo CP, então são o MESMO modelo. Se tem muitas marcas em comum, podem ter sido feitos a partir da mesma base, ou serem versões de um mesmo modelo.
Alguns CPs já vêm com as indicações vale e montanha, contudo grande maioria não tem essa informação - que deve ser deduzida.
Um origamista mais experiente pode deduzir a partir da visualização do CP o que vai sair dali... Num canto do quadrado está uma pata, no centro mais à esquerda, uma asa... mas leva um certo tempo para desenvolver essa capacidade. E leva mais tempo ainda para aprender a dobrá-los, ou "colapsá-los" como dizem por ai.
Grosso modo, existem dois tipos principais de CPs: o com boxpleating e o de 22,5º. (ãh?)
Eu explico. O Boxpleating é uma técnica muito usada que consiste em quadricular o papel antes de dobrar, ou quadricular algumas partes do papel. Isso facilita a execução do modelo.
Este é o CP do Stag Beetle, de Robert Lang. À esquerda, algumas referências e à direita as dobras. O boxpleating é de 60x60, totalizando 3.600 quadrados! Nem todos são necessários, naturalmente.
Os CPs de com ângulos de 22,5º são mais comuns e como o nome sugere possuem formas geométricas que têm essa abertura no encontro de duas arestas.
Esse é o CP do Esquilo de Jon Tucker. Observe o ângulo de 90º dividido em 4 segmentos de 22,5º.
É claro que existem muitos outros tipos de CPs... muitos são mistos, outros possuem ângulos irregulares ou são muito complexos.
Esse complexo CP é do Escorpião HP, uma das últimas criações de Robert Lang. Um exemplo raro de hexpleating (quadriculados com diagonais) e algumas formas de 22,5º.
Definitivamente, não existe nenhuma fórmula pronta para dobrar modelos a partir de CPs. Existe uma meia dúzia de dicas, é claro. Uma coisa é certa: é muito mais fácil para um origamista publicar um CP do que publicar diagramas... Não é a toa que os modelos mais interessantes do mundo do origami não possuem diagramas, ou a previsão de diagramação é lá pra 2016...
Bem, seguem algumas dicas. No site de Eric Madrigal, El Código d'CP, dá para aprender um monte de coisa. Todavia, algumas coisas só se aprende fazendo, tentando e errando até ficar assim, mais ou menos...
Observe a simetria do CP. Se ele é simétrico, o resultado final vai ter os dois lados iguais. Se não for simétrico, o que muda? A modificação é para quê? Um braço a mais? Uma asa aberta e outra fechada?
Consiga o maior número de fotos do modelo pronto quanto possível. Detalhes, closes, visões laterais, traseiras, tudo que encontrar.
Quais as referências principais? Existe uma marca que divide ao meio? Divide em diagonal? Divide em quantas partes iguais? Duas, quatro, nove?
Caso não tenha as indicações vale e montanha, quantas possibilidades de dobrar são possíveis em duas dimensões (plano)?
Se de algum ponto sair um número ímpar de arestas, o modelo será tridimensional desde o ínício e não ficará plano. Essa é uma máxima. Preste muita atenção neste ponto, pois ele deve ser um dos principais do CP.
Estude muita trigonometria e decore EM DEFINITIVO o Teorema de Pitágoras: a soma dos quadrados dos dois catetos é igual o quadrado da hipotenusa. Conhecer as relações matemáticas nas figuras geométricas que compõe o CP é essencial, principalmente se algum dia você pretende criar modelos.
E o mais importante: não vai ficar bom nas primeiras tentativas. Aceite isso.
É isso por enquanto. Vou postanto mais dicas com o tempo. Essas são as essenciais.
Marcadores: Bases, CP, Dicas, Escorpião, Esquilo, Geometria, Jon Tucker, Origami Complexo, Origami Intermediário, Robert Lang